Quando observamos com mais
atenção tudo o que acontece à nossa volta, fica claro que as mudanças sempre
provocam algum tipo de reação.
O sentimento mais comum é o de
insegurança, causado pelas incertezas geradas em consequência da ruptura de
rotinas e do estado de conforto. Até apoiarmos alguma mudança de fato, passamos
por inevitáveis etapas de comportamento, e destaco que a primeira reação é a negação do fato.
Analisando com maior amplitude, é
fácil observar que a negação é a primeira ação que tenta impedir o avanço de
qualquer mudança, mesmo que temporariamente.
Para que uma escolha, uma
decisão, uma situação mantenha a sua trajetória são necessárias várias afirmações,
vários “sims”. Quando ocorre apenas uma negação, um “não”, todo o processo fica
interrompido. Ao negar uma mudança, buscamos preservar, com todas as forças, o
estado atual das coisas. Não queremos abrir mão de pequenas conquistas, sacrifícios
e escolhas que nos permitiram alcançar um grau de conforto aceitável.
Acreditamos muito no poder que o “NÃO”
possui, mesmo sabendo que, muitas vezes, os fatos possuem forças maiores. Quando
isso acontece, mudamos nossa ação para a resistência.
Essa é a mais visível entre as reações às mudanças que manifestamos em nosso
dia a dia. Resistir é absolutamente natural para nós, pois demonstra nosso mais
primitivo instinto guerreiro e combativo. Quem não resiste normalmente é
avaliado como alguém fraco, sem atitude, sem personalidade, sem opinião.
Nós gostamos de um debate, de uma
opinião divergente. Publicamente admitimos até, que é ótimo quando há
resistência em uma nova ideia, pois é graças a essa resistência que ela pode
ser melhorada, otimizada, ampliada. É durante a resistência que apresentamos
nossos argumentos, nossos pontos de vista, nossas percepções e, eventualmente,
nossas inseguranças e medos.
Somente por esses fatores já
ficaria evidente concluir que pessoas resistentes às mudanças são mais fáceis
de lidar do que pessoas que negam a mudança. Contudo, muitas vezes nos fixamos
nessa resistência e deixamos de observar com muita amplitude todo o cenário
futuro.
Mudanças acontecem o tempo todo,
e avançar nessa trajetória é essencial para entendermos nos posicionarmos
diante de novos cenários. Quando ampliamos nossa consciência sobre as novas
realidades, as reações começam a ser mais favoráveis às mudanças. Saímos da
resistência e começamos a nos preparar, por meio da exploração dos fatos, para todas as possibilidades, benefícios,
custos, dificuldades e desafios possíveis no novo cenário.
Avaliando o comportamento das
novas gerações, destaca-se uma característica marcante dos jovens: a de serem
curiosos, famintos por informações.
Ter fome de conhecimento nos
direciona para todo tipo de situações e possibilidades. Além disso, por mais
incomum que seja a percepção de velocidade que temos atualmente, nunca antes
tivemos acesso a tantas ferramentas para realizar nossas explorações.
Se formos bem-sucedidos nessa
exploração, a aceitação dos fatos é
facilitada. De maneira completamente oposta à atitude de negação, passamos a
considerar reais e possíveis as alterações de cenários e condições.
Hoje é quase inadmissível um
profissional assumir uma posição resistente a mudanças. Contudo, muitos ainda
adotam o discurso de aceitação, mas não se envolvem com elas, considerando que
os efeitos estarão sempre a uma distância segura e controlável.
Como temos milhares de
pensamentos diariamente, otimizamos o uso de nosso cérebro de modo a não
processar a mesma informação duas vezes. Colocamos as tarefas repetidas no modo
automático, gerando menor esforço de processamento. Assim, não “enlouquecemos”
com tantas informações de que precisamos dar conta o tempo todo. Conforme as
experiências se repetem, nosso cérebro apaga as duplicidades e, assim, deixamos
de experimentar um acontecimento e acabamos esperando uma nova “repetição” para
que aceitemos as coisas como normais dentro de uma expectativa de conforto
aceitável. Gostamos muito da rotina. É ela que promove a sensação de aceleração
do tempo.
A rotina é essencial para nossa
existência, pois viabiliza muitas coisas, muitos processos, inclusive de
segurança física e existência social. Contudo, algumas pessoas amam tanto a
rotina que ao longo da vida não percebem a passagem do tempo. Os movimentos à
sua volta são sempre os mesmos, as pessoas são sempre as mesmas, as escolhas
são automáticas, qualquer alteração destrói a estabilidade. Isso é tão complexo
e intenso que em alguns casos a repetição dos acontecimentos é atribuída a
fatores culturais e de tradição que buscam preservar as decisões mesmo diante
de fatos absolutamente diferentes dos que deram origem ao processo de
repetição.
Quando enriquecemos nosso dia com
experiências novas, as que fazem a mente parar e pensar, é comum percebermos a
passagem do tempo de modo peculiar, tal é a quantidade de “movimento” vivido. Nossos
dias parecem cheios e ricos. Temos uma sensação de satisfação e plenitude.
FASES DO PROCESSO DE
MUDANÇA
1
|
Negação
|
2
|
Resistência
|
3
|
Exploração
|
4
|
Aceitação
|
5
|
Envolvimento
|
6
|
Comprometimento
|
O tempo que alguém leva para
aderir a qualquer mudança varia de pessoa para pessoa. Algumas vão da negação
ao comprometimento em segundos, outras precisam de anos. Devemos considerar que
todas as realidades são passíveis de mudança. Por isso, em vez de perceber as
mudanças devemos ser seus protagonistas, seus agentes, interagindo e provocando
as alterações de realidade.
O cenário atual exige esse
esforço, por isso devemos criar condições para nos desprendermos de nossas
premissas e voltarmos nossa atenção para as novas experiências que surgem a
cada dia, com as novas tecnologias e com as novas gerações de pessoas.
Fonte: OLIVEIRA, Sidnei - Geração Y: O nascimento de uma nova
versão de líderes / São Paulo: Integrare Editora, 2010