GERAÇÃO Y – Nascidos entre 1980 e 1999
O batismo dessa geração se deve a
um fato curioso. Quando a antiga União Soviética exercia forte influência sobre
países de regime comunista, chegava a definir a primeira letra dos nomes que
deveriam ser dados aos bebês nascidos em determinados períodos. Nos anos 1980 e
1990 a letra principal era Y. Isso realmente não teve muita influência no mundo
ocidental e capitalista, mas posteriormente muitos estudiosos adotaram essa
letra para designar os jovens nascidos nesse período. Surgia assim o termo Geração Y.
Estes jovens estão chegando agora
à vida adulta e ao mercado de trabalho e, portanto, começando a interferir de
maneira mais direta nos destinos da sociedade. São extremamente informados, mas
também possuem um componente importante de alienação, pois ainda não conseguem
ou não sabem lidar com toda essa informação de forma produtiva.
Eles nasceram de famílias
estruturadas em um modelo mais flexível, no qual o convívio com os pais é
bastante diferente do que havia nas gerações anteriores. Ter pais separados deixou
de ser uma raridade para se tornar uma possibilidade sempre presente e, como
consequência natural, ter irmãos de pais diferentes não é mais um fato absurdo
que se conta de um vizinho ou de um amigo na escola. Agora, um jovem pode ter
em sua formação influências múltiplas de pais, tios e avós diversos, não mais
apenas de sua estrutura familiar original. E, mesmo quando não tem pais
separados, esse jovem tem de aprender a lidar com outra situação: a ausência
não apenas do pai mas também da mãe em seu dia a dia.
Ficar longos períodos longe de
casa era uma atitude constante dos homens já nas gerações anteriores. Essa
atitude sedimentou-se de tal maneira que ser ausente ganhou contornos de
comportamentos exemplares, pois a ação era justificada como grande esforço dos
pais em proporcionar um padrão de vida digno à sua família. Acrescentam-se a
esse cenário as revoluções vividas pelas mulheres, que conquistaram maior
autonomia. Estabelecendo relacionamentos conjugais muito mais independentes
financeira e emocionalmente, elas passaram a priorizar a realização
profissional. Ainda assim, abandonar seu papel na família não era uma opção
razoável – nem elas estavam dispostas a se omitir como mães.
Isso criou uma circunstância
ambígua: as mães procuraram compensar sua ausência oferecendo instrumentos
educacionais que levassem os filhos a se tornar mais competitivos no futuro e,
apesar de ter a figura materna menos presente, nenhuma geração anterior recebeu
tantos cuidados, tantos estímulos e tantas informações que pudessem levar os
jovens a uma qualificação mais elevada.
A
IMPORTÂNCIA DOS VIDEOGAMES NA GERAÇÃO Y
Cada pai e mãe passaram a se
empenhar com muita energia, buscando proporcionar a seu filho a melhor escola,
o melhor curso de línguas, a melhor escola de natação ou futebol e diversas
outras atividades dessa natureza.
Uma novidade nessa geração ocorre
justamente com os cursos de línguas, que antes eram quase que exclusivamente de
inglês. Hoje vemos uma grande procura por outras línguas, alguma até exóticas,
como o mandarim da China. E se isso acontece, não é porque o inglês saiu de
moda, mas porque de alguma forma os jovens da Geração Y desenvolveram, espontaneamente, uma grande intimidade com
a língua inglesa por outros meios, como os videogames
(que em sua maioria apresentam comandos nessa língua), os filmes e as músicas
que tocam nos aparelhos domésticos e pessoais. A impressão mais forte que temos
é de que eles já nascem sabendo falar inglês.
Se tiverem condições financeiras,
os pais buscarão a expansão das capacidades mentais e físicas de seus filhos em
cursos de matemática, ciências, judô ou qualquer outro método que acrescente
diferenciais relevantes e possa proporcionar ao jovem um futuro de sucesso.
Para muitos, pais e mães, preparar seus filhos para um ambiente de alta
competitividade tornou-se missão de vida.
A tecnologia tem grande
influência na educação dos jovens de hoje. Entretanto, suas formas de
influência se alteraram significativamente em relação às gerações anteriores. Veja
o caso da TV, que deixou de ser o principal centro de interesse das crianças.
Assistir à programação oferecida
já não era suficiente, mesmo com a ampliação do número de canais para mais de
cem disponíveis nas TVs por assinatura, que inclusive motivaram a popularização
do controle remoto, permitindo uma interação maior com o aparelho.
O antigo telespectador estava
dando lugar ao agora chamado “usuário” e a TV já não era considerada uma “babá
eletrônica”. Os jovens exigiam maiores possibilidades de interação. Foi o
advento do videogame que transformou
completamente a realidade e o cenário de desenvolvimento dos jovens da Geração Y.
Aos pais da Geração Y ainda eram jovens quando surgiram os primeiros aparelhos
rudimentares de jogos eletrônicos que se limitavam a telas negras com pontos de
luz e com console para o comando dos movimentos. E, como essa geração já estava
chegando à idade adulta, considerou o “brinquedo” um divertimento passageiro e
concentrou seu desenvolvimento em outros centros de interesse, como o trabalho.
Quando a Geração Y começou a nascer, o Atari já era um sistema em decadência
e estava sendo rapidamente substituído por videogames
mais sofisticados.
Duas características destacam-se
nos jogos eletrônicos, por estarem presentes em praticamente todas as
modalidades: as fases do jogo e o placar de recordes.
Um bom jogo de videogame deve sempre proporcionar
várias fases diferentes a seus jogadores. Cada fase deve conter um grau de
dificuldade, apresentar um desafio novo, e o jogador deve sempre estar
estimulado a superar um desafio
ainda mais complexo.
Para atribuir recompensa e
reconhecimento, todo jogo também deve ter um sistema de apuração de resultados obtidos, normalmente
numéricos ou financeiros, e estabelecer um placar de recordes pelo qual o
jogador possa comparar seu desempenho com o de outros competidores.
À medida que os jogos foram se
tornando mais complexos e desafiadores, os jovens desenvolveram novas
expectativas para suas necessidades de reconhecimento. Já não bastava ter o
nome na galeria de recordes, a busca agora era por criar desafios entre
jogadores e compartilhá-los junto com resultados. A nova ordem era buscar interação.
Os videogames estavam em processo de evolução e o desejo de mais
possibilidades de aplicação em atividades além dos jogos criou o cenário ideal
para a popularização do computador pessoal.
Os primeiros computadores
pessoais não tiveram o acolhimento positivo dos usuários. Eram bastante
limitados e muitas vezes foram considerados “videogames de luxo”, pois não haviam aplicações que justificassem
sua necessidade, além de serem muito mais caros que os videogames simples.
Foi somente com a popularização
da internet que o computador pessoal alcançou sua plena justificativa e
possibilitou o instrumento perfeito para que a Geração Y pudesse desenvolver todo o seu potencial.
As promessas da recém-lançada
internet levaram o jovem a sonhar com infinitas possibilidades, desde a
comunicação instantânea e sem fronteiras com outras pessoas até o acesso a todo
tipo de conteúdo, principalmente aqueles com divulgação controlada por direitos
de propriedade.
A informação tornou-se irrestrita
e ilimitada; com a nova tecnologia, o jovem teria sua fome de conhecimento
recompensada. Novos valores estavam surgindo, novas verdades precisariam ser
escritas. O futuro havia finalmente chegado e ele foi determinante na formação
da mais complexa, desconfortante, assustadora e independente geração.
Fonte: OLIVEIRA, Sidnei - Geração Y: O nascimento de uma nova v ersão de líderes / São paulo: Integrare Editora, 2010
Fonte: OLIVEIRA, Sidnei - Geração Y: O nascimento de uma nova v ersão de líderes / São paulo: Integrare Editora, 2010
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