segunda-feira, 2 de julho de 2012

RESISTÊNCIAS


Quando observamos com mais atenção tudo o que acontece à nossa volta, fica claro que as mudanças sempre provocam algum tipo de reação.

O sentimento mais comum é o de insegurança, causado pelas incertezas geradas em consequência da ruptura de rotinas e do estado de conforto. Até apoiarmos alguma mudança de fato, passamos por inevitáveis etapas de comportamento, e destaco que a primeira reação é a negação do fato.

Analisando com maior amplitude, é fácil observar que a negação é a primeira ação que tenta impedir o avanço de qualquer mudança, mesmo que temporariamente.

Para que uma escolha, uma decisão, uma situação mantenha a sua trajetória são necessárias várias afirmações, vários “sims”. Quando ocorre apenas uma negação, um “não”, todo o processo fica interrompido. Ao negar uma mudança, buscamos preservar, com todas as forças, o estado atual das coisas. Não queremos abrir mão de pequenas conquistas, sacrifícios e escolhas que nos permitiram alcançar um grau de conforto aceitável.

Acreditamos muito no poder que o “NÃO” possui, mesmo sabendo que, muitas vezes, os fatos possuem forças maiores. Quando isso acontece, mudamos nossa ação para a resistência. Essa é a mais visível entre as reações às mudanças que manifestamos em nosso dia a dia. Resistir é absolutamente natural para nós, pois demonstra nosso mais primitivo instinto guerreiro e combativo. Quem não resiste normalmente é avaliado como alguém fraco, sem atitude, sem personalidade, sem opinião.

Nós gostamos de um debate, de uma opinião divergente. Publicamente admitimos até, que é ótimo quando há resistência em uma nova ideia, pois é graças a essa resistência que ela pode ser melhorada, otimizada, ampliada. É durante a resistência que apresentamos nossos argumentos, nossos pontos de vista, nossas percepções e, eventualmente, nossas inseguranças e medos.

Somente por esses fatores já ficaria evidente concluir que pessoas resistentes às mudanças são mais fáceis de lidar do que pessoas que negam a mudança. Contudo, muitas vezes nos fixamos nessa resistência e deixamos de observar com muita amplitude todo o cenário futuro.

Mudanças acontecem o tempo todo, e avançar nessa trajetória é essencial para entendermos nos posicionarmos diante de novos cenários. Quando ampliamos nossa consciência sobre as novas realidades, as reações começam a ser mais favoráveis às mudanças. Saímos da resistência e começamos a nos preparar, por meio da exploração dos fatos, para todas as possibilidades, benefícios, custos, dificuldades e desafios possíveis no novo cenário.

Avaliando o comportamento das novas gerações, destaca-se uma característica marcante dos jovens: a de serem curiosos, famintos por informações.

Ter fome de conhecimento nos direciona para todo tipo de situações e possibilidades. Além disso, por mais incomum que seja a percepção de velocidade que temos atualmente, nunca antes tivemos acesso a tantas ferramentas para realizar nossas explorações.

Se formos bem-sucedidos nessa exploração, a aceitação dos fatos é facilitada. De maneira completamente oposta à atitude de negação, passamos a considerar reais e possíveis as alterações de cenários e condições.

Hoje é quase inadmissível um profissional assumir uma posição resistente a mudanças. Contudo, muitos ainda adotam o discurso de aceitação, mas não se envolvem com elas, considerando que os efeitos estarão sempre a uma distância segura e controlável.

Como temos milhares de pensamentos diariamente, otimizamos o uso de nosso cérebro de modo a não processar a mesma informação duas vezes. Colocamos as tarefas repetidas no modo automático, gerando menor esforço de processamento. Assim, não “enlouquecemos” com tantas informações de que precisamos dar conta o tempo todo. Conforme as experiências se repetem, nosso cérebro apaga as duplicidades e, assim, deixamos de experimentar um acontecimento e acabamos esperando uma nova “repetição” para que aceitemos as coisas como normais dentro de uma expectativa de conforto aceitável. Gostamos muito da rotina. É ela que promove a sensação de aceleração do tempo.

A rotina é essencial para nossa existência, pois viabiliza muitas coisas, muitos processos, inclusive de segurança física e existência social. Contudo, algumas pessoas amam tanto a rotina que ao longo da vida não percebem a passagem do tempo. Os movimentos à sua volta são sempre os mesmos, as pessoas são sempre as mesmas, as escolhas são automáticas, qualquer alteração destrói a estabilidade. Isso é tão complexo e intenso que em alguns casos a repetição dos acontecimentos é atribuída a fatores culturais e de tradição que buscam preservar as decisões mesmo diante de fatos absolutamente diferentes dos que deram origem ao processo de repetição.

Quando enriquecemos nosso dia com experiências novas, as que fazem a mente parar e pensar, é comum percebermos a passagem do tempo de modo peculiar, tal é a quantidade de “movimento” vivido. Nossos dias parecem cheios e ricos. Temos uma sensação de satisfação e plenitude.

FASES DO PROCESSO DE MUDANÇA

1
Negação
2
Resistência
3
Exploração
4
Aceitação
5
Envolvimento
6
Comprometimento



O tempo que alguém leva para aderir a qualquer mudança varia de pessoa para pessoa. Algumas vão da negação ao comprometimento em segundos, outras precisam de anos. Devemos considerar que todas as realidades são passíveis de mudança. Por isso, em vez de perceber as mudanças devemos ser seus protagonistas, seus agentes, interagindo e provocando as alterações de realidade.

O cenário atual exige esse esforço, por isso devemos criar condições para nos desprendermos de nossas premissas e voltarmos nossa atenção para as novas experiências que surgem a cada dia, com as novas tecnologias e com as novas gerações de pessoas.



Fonte: OLIVEIRA, Sidnei - Geração Y: O nascimento de uma nova versão de líderes / São Paulo: Integrare Editora, 2010


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